Desnecessidade necessária
Alexandre Lucas*
Olhamos os livros, as plantas. Sentamos. Pedimos suco, abacaxi com hortelã, outro de cajá e uma tapioca com frango. Conversamos sobre comida e detalhes esquecidos. Uma moça, branca, gorda, simpática e com menos de 20 anos, chega com um papel na mão como se quisesse anunciar uma venda. Surpresa, ela entrega um desenho e diz: achei você tão bonita que resolvi te desenhar. Saiu rapidamente, sem espaço para agradecimentos. Ficamos apreciando a delicadeza e o quanto a desnecessidade é necessária.
A massa de modelar e algumas tintas estavam guardadas num saco para embrulhar presentes, de algum presente que ganhei, acho que de minha mãe. Era desnecessário, mas como o desenho, também necessário.
Chegamos. Breve parada na escada, alguns beijo...