Eu não odeio as mulheres
Ludimilla Barreira
Experimentava mais um café superfaturado e me deliciava com uma enorme fatia de bolo, enquanto esticava os ouvidos procurando entretenimento nas mesas ao lado, e achei. Me divertia pensando que todo observador, na verdade, é um grande curioso, para não dizer intrometido. A humanidade não nos surpreende, ela é mais previsível que as mudanças meteorológicas.
Como o som de um bumbo, ainda ressoa em minha consciência o diálogo que flagrei entre um homem e uma mulher. Lá pela metade da conversa, surgiu a questão:
— Por que você odeia tanto as mulheres?
Eu já fazia parte da cena, era uma curiosa espectadora daquele momento comovente. Talvez, se ele não fizesse essa pergunta, eu teria parado ao lado dela para questioná-la. Afinal, enquanto me aquecia com a xícara e...