Os abismos
Ludimilla Barreira*
Não sei quando as fendas se pronunciam e formam os grandes abismos, mas há um momento em que algo se rompe de tal forma que os espaços abertos não permitem que possamos nos reconectar. Podemos construir pontes, mas estas nunca serão tão estáveis e seguras quanto a solidez da terra firme.
Conexões físicas nos aproximam, mas não nos dão a certeza do preenchimento, nem da troca constante que é responsável por fornecer energia suficiente para nos manter confluindo.
Quando me refiro às profundezas criadas pelas fendas, não quero mencionar apenas aquelas que surgem além das nossas margens, mas também as que dilatam dentro de nós. Por exemplo: quantos abismos deixei surgir entre a pessoa que me tornei e aquela que um dia almejei ser? Ou, até mesmo, quantas outra...