Tag: Rachel de Queiroz

Resenha crítica de O Quinze, romance de Rachel de Queiroz
Literatura

Resenha crítica de O Quinze, romance de Rachel de Queiroz

Marta Kécia Publicada em 1930, O Quinze representa não apenas a estreia literária de Rachel de Queiroz, mas também um marco fundamental na literatura brasileira por inaugurar uma escrita feminina com caráter crítico, social e político em plena efervescência do Modernismo de 1930. Com apenas dezenove anos, a autora cearense rompeu as barreiras impostas a mulheres escritoras e lançou um romance que aborda, com crueza e lirismo, os flagelos da seca nordestina, traçando um retrato pungente da miséria e da resistência de um povo, ao mesmo tempo em que inaugura uma representação feminina vigorosa e complexa. (Sarmento; Moura, 2023). Conforme Tavares (2022), a autora desafia os estereótipos sociais da época ao criar personagens femininas que resistem à dominação e reivindicam autonomia, e C...
As mulheres de O Quinze, de Rachel de Queiroz
Literatura

As mulheres de O Quinze, de Rachel de Queiroz

Luciana Bessa A escritora francesa Simone Beauvoir (1908-1986) em sua obra O Segundo Sexo (1949) propunha que a mulher construísse o seu próprio destino. Para isso, seria necessário romper com os padrões criados pela sociedade patriarcal de que o gênero feminino deveria ser alicerçado na anatomia da “boa esposa”, “boa mãe”, responsável pelo sucesso do “núcleo familiar”. Simone de Beauvoir, que visitou o Brasil na década de 1960 em companhia de Jean Paul-Sartre (1905-1980), inspirou (e continua inspirando) mulheres no mundo todo a partir de suas reflexões sobre a construção social do gênero feminino. Não sei se a escritora brasileira Rachel de Queiroz (1910-2003) leu Beauvoir, porque em várias entrevistas, ela afirmava não ser feminista: “Não sou feminista: acredito no homem e na mulh...
RACHEL DE QUEIROZ
Literatura

RACHEL DE QUEIROZ

Francinilda Santiago Lopes* Uma mulher afrente do seu tempo, assimdescrevo essa mulher nordestina que nosdeixou um grande legado. Romancista primeira mulher a entrar naacademia de letras do Brasil.Autora cearense de destaque na ficçãosocial e sempre foi,Carinhosa no seu jeito de falar, marcou ahistória como uma,Heroína, pois, lutou por um espaço queera somente masculino, se destacou com,Excelência na sua escrita, se tornando a,Literata mais prestigiada e estudada dopaís. Diva da literatura cearenseEscritora de resistência e imortal. Quixadá o lugar escolhido para suasinspirações pois,Urgente eram as denúncias que aescritora trazia nas suas obras literárias,Ela foi a primeira mulher a abrircaminhos para outras escritoras na ABLInesquecível em suas narrativashistóricas.Realista n...
As três Marias
Literatura

As três Marias

Luciana Bessa* As três Marias, Prêmio da Sociedade Felipe de Oliveira, publicado pela primeira vez em 1939, da escritora cearense Rachel de Queiroz, apresenta-nos três mulheres com seus sonhos, suas dores, suas dúvidas e seus medos de ser e de existir: Maria da Glória, Maria José e Maria Augusta, quem nos conta a narrativa. Segundo a própria autora, As três Marias é a sua obra mais autobiográfica, motivo pela qual ela sentiu dificuldade em dissociar realidade e ficção. A semelhança entre Maria Augusta e Rachel de Queiroz são patentes: ambas são cearenses, estudaram em escolas religiosas e se afastaram de tais ensinamentos.  As três Marias, batizadas pela Irmã Germana, lembra-nos as três Marias Bíblicas, as três estrelas do Céu. O apelido pegou, foi tatuado na própria pele, el...
Memorial de Maria Moura
Literatura

Memorial de Maria Moura

Luciana Bessa Grande painel das relações afetivas, morais e sociais – Memorial de Maria Moura (1992) - é a obra com a qual Rachel de Queiroz, aos 82 anos de idade, se despede, em grande estilo, da escrita romanesca. É a obra mais extensa da autora (em torno de 600 páginas), com dois núcleos: principal, com Maria Moura e os primos Tonho e Irineu; secundário, com o padre José Maria (Beato Romano) e o casal Marialva/ Valentim e o filho Alexandre (Xandó). O enredo é contado pela voz de três narradores — discurso polifônico (várias vozes) — que quebra a linearidade do romance dando a ele mais dinamicidade e mais curiosidade ao leitor. Os capítulos são curtos se assemelhando aos folhetins do século XIX, sendo intitulados com os nomes das personagens centrais do enredo. A linguagem simp...
<strong>Dôra, Doralina</strong>
Literatura

Dôra, Doralina

                                                                                            Luciana Bessa Conheci Dôra, Doralina, de Rachel de Queiroz, pelos idos da década de noventa. A obra foi indicada para o vestibular da Universidade Federal do Ceará (UFC) e um grupo de alunos transformou-a em uma peça de teatro. Diante de mim, uma mulher de compleição frágil, mas de coragem e uma valentia que não se adequavam em um corpo magro, um olhar melancólico e uma voz doce. Foi amor à primeira vista. Pensei: preciso ler imediatamente essa obra. Contudo, a vida tem outras urgências, os professores outras indicações e a crítica especializada outras predileções. Acabei lendo “O Quinze”. Só muito tempo depois consegui (re)encontrar Dôra, Doralina. É uma obra extensa, mas a linguage...