Água nunca é de sempre
Alexandre Lucas*
Sementes de girassol, amendoins, passas, alguns goles de água. Vento frio. Porta entreaberta: vou fotografando a rua: a mulher que anda em círculos. O homem que caminha com a escada nas costas. Os pombos que disputam a ração dos gatos. O botão que esconde a cor da rosa. O carro embrulhado de lençóis no meio da rua, deve ser para proteger a pintura. Os pássaros, mas não consigo fotografá-los, só escuto os seus cantos. Ainda continuo com a mesma calcinha de ontem, os cabelos lembram Einstein, blusa de propaganda, ainda nem tomei café. Dei alguns pulos, suei um pouco.
Ainda não sei o que fazer. Escrevo. Escuto as conversas acaloradas sobre futebol e faço careta, enquanto, penso no riso da traficante, ontem à noite.
Estico os braços, digo ai, coço os seios. Prec...