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Habitações de gente
Literatura

Habitações de gente

Alexandre Lucas* As águas são ruas que nos habitam. Trânsito misturado de gente, veias abertas de sangue e segredos. Recomeço. O rio está cheio, nadar ou afogar. Os rios estavam cheios outras vezes, arrastaram corações, enlouqueceram a esperança. O rio fugiu, levou a água e deixou uns versos. As folhas secas dançam na areia solitárias do sol e do vento. As coisas estão mudando a todo tempo, mas parecem que as pedras não saem do lugar. Os rios se movem, como as navegações entre as línguas. As línguas navegam. Nunca aprofundamos o assunto. Talvez seja o medo, o desafio de não naufragar. Exige trabalho, paciência, transformar areia seca em sereia e mar.  Calma, a sereia desaparecerá: ficará o canto e o mar. Joga os Nerudas que te restam e atravessa os rios e mares possívei...
O rio que nos abraça
Literatura

O rio que nos abraça

Alexandre Lucas* O rio assimétrico desenha vaginas no seu percurso. As águas caminham transbordando música. Os pássaros cantam e desaparecem entre as árvores. Mastigo algumas sementes e me cubro de sol e sombra.  Sigo as vaginas do rio. Procuro alguns minutos de silêncio dentro dos barulhos que habitam os meus dias. As águas me atravessam acolhendo os meus passos.  Verde por todos os lados, mas nem tudo é esperança. Nenhuma lasanha por aqui, nem mesmo um simples macarrão. Água na boca.  Talvez tenha que andar mais. Hoje, apenas os desenhos do rio.  A folha desce sendo seu próprio barco nos braços rio.  Molho a cabeça. Escorro entre as pedras e as águas para tentar espatifar os pensamentos petrificados. Sobre o autor: Alexandre Lucas ...