É na terra que se adubam as roseiras
Alexandre Lucas
Faz silêncio entre os barulhos. Abre a boca como quem quer abocanhar o mundo — é só um bocejo de quem não dorme. Põe João Bosco pra cantar às três da manhã. Um homem cruza a praça a caminho do mercado, vai descarregar caminhões de frutas. O gato deixa marcas no cimento fresco — gato fresco. O Cristo de braços abertos continua iluminado na praça onde os pombos dormem.
Os galos cantam. Trégua pra João Bosco. Motores de carros lembram que a cidade não dorme toda. Três e quarenta e dois: toma goles de café, come uma banana, enxuga lágrimas, assoa o nariz.
Chama Nando Reis. Toca Alô. Os galos ainda cantam, agora com o latido dos cachorros. Tudo parece fora do lugar. O ventilador parado tem ar de querer falar. Os desenhos no quadro observam os movimentos; as ma...