A saudade não se mata
Alexandre Lucas
Não! Já era tarde. A menina de sete anos brincava de ir ao céu na amarelinha feita de carvão, na calçada da casa abandonada. Tinha ali suas bonecas e esperava as amigas. A mãe observava, de olhos brilhantes, a filha brincar.
A menina de sete anos era a primeira, a mais velha; as outras tinham cinco e três anos. Mesmo pai. Elas dormiam.
Sete vezes foi ao céu. Não errou nenhuma vez.
A polícia chegou. A menina parou. Quando se vê polícia por aqui, os olhos crescem, as pessoas se escondem, as crianças ficam com o coração igual a carne moída.
— Menina! — disse a polícia.
A menina correu, braços abertos, como Jesus Cristo.
Pei, pei, pei.
A bala acertou a aflição da menina que corria para abraçar o pai.
Mãe e pai, mãos na cabeça, narizes fungando, olhos ...