Mundinho da segunda-feira
Alexandre Lucas
Não existe nenhuma combinação. Toda segunda-feira, no início da tarde, Seu Mundinho chega. Passos lentos, carrega uma sacola com a feira da semana. Pede uma cerveja, senta na mesa reservada. Vai ao banheiro, abre a carteira e vê quanto ainda resta.
Mundinho me acena, chama-me para a mesa. Pergunta o que quero beber; tomo da mesma cerveja. Percebo que a maior sede dele é beber olhando nos meus olhos, como quem quisesse devorar meus sorrisos e sentir meus dedos massageando os calos de suas mãos. Parece que só isso basta.
Só sei que, há anos, Mundinho nunca falta às segundas-feiras. Imagino que uma segunda-feira sem ele teria cara de feriado.
Mundinho sempre deixa um agrado. Já deixou bombons, brincos e sementes de jacarandá. Parece um menino apaixonado, bobo, de o...