Maria Lúcia, Rua das Flores, 245
Tay Oliveira
Em um dia comum, como qualquer outro, me deparei sentada ao lado de uma senhora tão simpática que brilhava o olhar, ela me olhava, e sorria. Um cheirinho de lavanda exalava do seu corpo, cabelo preso com grampinhos pretos de ferro se destacavam com o tom grisalhos dos seus ralos fios. Olhos baixos, boca pequena e bocejante, e um leve balbuciar que com o barulho intenso de pessoas ao redor, eu me esforçava para escutar. Suas pequenas mãos, com sinais do tempo alisavam uma a outra logo depois que seguravam no banco da frente para se sustentar
Algumas pessoas no ônibus, já bem cansadas — ora vindo do trabalho, ora indo — pediam pressa ao motorista. E ela, meio tímida e, apesar do cansaço da idade, me contou assim, devagar, mas embalando a história de sua vida pa...