Alexandre Lucas*
Escrevo um livro de mentiras no tempo da verdade. Deve ser provisória, por vezes intransigente, a verdade é que não entendo nem das razões e muito menos das mentiras. O amor é sacolejo de invenções, é tão subjetivo e se preenche de condições objetivas para se inventar.
Estou nas primeiras páginas. Confesso: escrever nas nuvens é fazer rebuliço. Os sentimentos são escritos cheios de reticências e atrevimentos. Escrevo livros, híbridos de lorotas e histórias comestíveis.
Escrever é mandigar, jogar no caldeirão pernas com asas, beijos com estrelas, gritos molhados e noites enlouquecidas. Afinal, a escrita não precisa ser bem comportada e muito menos do lar, ela pode transitar nas encruzilhadas das ruas e das luas, dos incendiários e dos desconhecidos.
Escrevo, como quem come luas. Imagina. Olha, não duvide, sou capaz de misturar sementes e estrelas, fermentar uma salada de frutas com ternura e sair inventando mentiras para acordar as rosas.
Sobre o autor:
Alexandre Lucas
*Alexandre Lucas é escrevedor, articulista e editor do Portal Vermelho no Ceará, pedagogo, artista/educador, militante do Coletivo Camaradas e a integrante da Comissão Cearense do Cultura Viva.