Alexandre Lucas*
Uma mineira, voz erótica de resfriado. Não sei em quais ruas o trem da sua vida passa. Não sei se o trem passa em alguma rua, muito menos conheço o tamanho dos seus desejos. Os desejos são sempre desmedidos, hora eles esticam, em outras murcham. No mapa dos afetos, uma cartografia de pontos indefinidos desmapeia horizontes.
Mas a mineira apareceu de intrusa na conversa, precisava iniciar a história sem acordar os monstros primeiro. Ainda não li uma página do seu romance, desconheço de onde surgiu a maldição, mas acredito que seja da vida. Além das palavras, possivelmente não sentaremos para comer queijo.
A mineira, em dias de chuva ou de sol, esquecerá as linhas, o trem passará.
Mas hoje quero lembrar da mineira. Talvez a sua distância seja fascinante para conversar sobre literatura. Claro, a literatura é uma desculpa para amolecer os dias de aço, mas não quero falar sobre os dias de aço, porque a terapia é na quarta e hoje, ainda é sábado.
Sobre o autor:
Alexandre Lucas
*Alexandre Lucas é escrevedor, articulista e editor do Portal Vermelho no Ceará, pedagogo, artista/educador, militante do Coletivo Camaradas e a integrante da Comissão Cearense do Cultura Viva.