Autor: Nordestinados a Ler

Ele e Ela
Literatura

Ele e Ela

Emily dos Santos Ela era a tempestade Mas ele amava a chuva Ela era o dilúvio Mas ele amava as ondas Ela era o apocalipse E ele amava o caos Ela era o mal Ele amava o ruim Ela era o sol E ele amava ir à praia Ela era confusa Mas ele a amava Sobre a autora: Estudante e integrante do Clube da Palavra do Colégio Municipal Pedro Felício Cavalcanti (Crato
A Literatura faz o quê?
Literatura

A Literatura faz o quê?

Luciana Bessa Semana passada, a professora e colunista do Blog Literário: Nordestinados a Ler, Shirley Pinheiro, com os dedos “movidos pelo ódio”, escreveu um texto intitulado “Literatura não faz revolução”? A ira, esse pecado capital tão comum nas histórias literárias, nasceu quando ela escutou de um marxista de “uns vinte e poucos anos nas costas”, que a “Literatura não faz revolução!”. Shirley Pinheiro só não citou todos os literatos e teóricos marxistas (brasileiros, franceses e alemães) que enfatizam o poder revolucionário da literatura, porque além de levar um tempo infindável, ainda assim, não convenceria o tal revolucionário. E, no fim das contas, não se trata de convencer A ou B. Além do mais, devemos lembrar que o ponto de vista do outro não é necessariamente certo. “Pod...
Voraz, grandiosa e disposta
Literatura

Voraz, grandiosa e disposta

Ludimilla Barreira Na borda da plataforma, sentia a imensidão do vazio debaixo dos meus dedos dos pés, enquanto pisava na aridez do cimento com meus calcanhares. Era o momento da decisão entre o nada e a firmeza do concreto. Mirava o ponto onde se fundem céu e mar. Respirava fundo. Retirava o pé direito da base. Prendia a respiração. Pisava no desconhecido. Durante a queda, apenas a certeza do vazio, até o momento em que mergulhava na água, quando você não sabe se é ela que te fura ou o contrário. Esse elemento essencial da vida pode ser tranquilo ou perturbador, depende da sua resistência. Do alto parecia um vidro blindado que não se romperia com o peso do meu corpo, mas, quando atingido, abria-se para me sugar e se entranhar em todos os lugares. Enquanto afundava com meu peso, s...
A mulher desiludida, livro de contos de Simone de Beauvoir
Literatura, Sem categoria

A mulher desiludida, livro de contos de Simone de Beauvoir

Marta Kécia Publicado originalmente em 1968, o livro A mulher desiludida, da filósofa francesa e escritora Simone de Beauvoir, reúne três contos que retratam os dramas e conflitos existenciais femininos em torno da maturidade, do amor e da identidade (Silva; Nóbrega, 2022). O fio condutor das três narrativas, conforme se pode observar a partir da leitura das mesmas, é a desilusão das protagonistas diante das promessas falidas da vida conjugal, da maternidade e da própria feminilidade, numa sociedade que as condiciona à dependência afetiva e à invisibilidade. Os contos são: “A idade da discrição”, “Monólogo” e “A mulher desiludida”. Este último, que intitula a obra, será o foco desta análise crítica a seguir. No primeiro conto, Beauvoir apresenta a vida de uma escritora idosa que e...
A peça Sertão Confederado  encanta o Cariri
Literatura

A peça Sertão Confederado  encanta o Cariri

Émerson Cardoso No dia 02 de maio de 2025, às 19h, o escritor Mailson Furtado realizou, na Biblioteca Pública Municipal do Crato, o lançamento do livro Sertão Confederado. Nacionalmente conhecido por sua trajetória literária no âmbito da poesia, o autor também é um dramaturgo notável, sobretudo se considerarmos a obra mencionada, que foi construído em colaboração com o Grupo Criar de Teatro, Cia Prisma de Artes e Herê Aquino. No dia seguinte ao lançamento do livro, às 20h, os dois grupos teatrais apresentaram, no Teatro Adalberto Vamozi, a peça Sertão Confederado. Como é evocado no título, a obra discorre sobre o movimento político ocorrido no Nordeste do Brasil, há 200 anos, denominado Confederação do Equador. Quando o público entra, é recebido por duas imagens: uma visual e...
A fragilidade do tempo
Literatura, Sem categoria

A fragilidade do tempo

João Victor O tempo escorre entre os dedos, como areia em um relógio quebrado. Momentos se desfazem em memórias, sussurros de risos que ecoam no ar. Cada segundo é um fio delicado, tecendo histórias que não voltam mais. Caminhos cruzados em instantes, promessas feitas sob à luz do entardecer. E enquanto o sol se põe, lembro das sombras que deixamos para trás, da beleza efêmera das flores, que murcham antes que possamos apreciar. Na fragilidade do tempo, encontramos a urgência de amar e viver intensamente, porque cada batida do coração é um lembrete de que tudo é passageiro, mas o amor é eterno. Sobre o autor: Estudante e integrante do Clube da Palavra do Colégio Municipal Pedro Felício Cavalcanti (Crato)
O filho da costureira e do sapateiro
Literatura

O filho da costureira e do sapateiro

Alexandre Lucas O filho da costureira e do sapateiro escreve um diário aberto — não como As Veias Abertas da América Latina, de Galeano, mas próximo das pinturas de Frida, que, ao falar de si, falava do mundo. “Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade”, dizia Frida Kahlo, temperada pelo seu tempo e pelas doses dos seus suspiros.  As realidades são distintas. Dores maiores ou menores não existem: existem dores. O filho da costureira e do sapateiro codifica em palavras espremidas as rupturas da vida; canto e grito se misturam, óleo e água se enfrentam. As borboletas se transformam em esperança em alguns momentos, porque nem tudo é tristeza. Segundo a moça que encontramos todas as quartas-feiras, por meia hora, numa sala de meia-luz e com um sofá confortável,&nbs...
Apelamos
Literatura

Apelamos

Francisco Joherbete Querido prefeito Temos que te falar A nossa vida hoje Vem a partir do ensino escolar. Senhor André Barreto Nossa escola, o ensino integral aderiu E os alunos vêm sofrendo Com essa escolha que nos feriu. Minha escola não tem estrutura Saneamento nem se fala Vivemos no sofrimento E nossa vida já está farta. Escovamos nossos dentes Com uma torneira atrás de uma coluna A água sai mais quente Do que o calor em nossas turmas. Senhor Prefeito!!! Por favor venha nos escutar Já estamos desgastados De tanto lutar Por mais direitos Para que venhamos estudar. Senhor Prefeito!!! Passamos uma grande dificuldade Quando a tarde chega O calor é nossa realidade. O vento sai quente Parece pegar fogo Não...
Monsters Never Die
Literatura

Monsters Never Die

Shirley Pinheiro My mama told me when I was young We are all born superstars She rolled my hair and put my lipstick on In the glass of her boudoir There's nothin' wrong with lovin' who you are She said: 'Cause He made you perfect, babe So hold your head up, girl, and you'll go far Listen to me when I say I'm beautiful in my way 'Cause God makes no mistakes I'm on the right track, baby I was born this way (Born This Way, Lady Gaga) Eu não canso de me surpreender com o poder catastrófico que a arte tem sobre mim. São as primeiras horas de um domingo, e eu me encontro derramando lágrimas e lágrimas, em frente à tv, numa tentativa vã de processar o impacto que o show da Lady Gaga, no Rio de Janeiro, teve aqui, no escuro do meu quarto. A verdade é...
Antes que me matem
Literatura

Antes que me matem

Alexandre Lucas Antes que seja tarde, o amor precisa ser declarado. A qualquer momento posso morrer ou o desejo de viver pode se enclausurar entre quatro paredes. Já plantei várias árvores, escrevi alguns livros, casei, nada disso foi o suficiente, ainda quero ter tempo para plantar árvores, escrever livros e ensinar a subir nas cadeiras, casar é mais complicado. Peço, a não sei quem, que não me tire o direito de sonhar, afinal ainda tem um mundo para ser transformado e isso exige gente e esperança. Ainda sou jovem, meus registros dizem o contrário, as vozes das palavras de ordem da juventude me fazem chorar e crer nos girassóis, comecei quase menino empunhando bandeiras bordadas de sonhos e resistência. Nunca foi fácil empunhar bandeiras de sonhos e resistência num mundo em que a or...